Entrega Bíblica

Depois de o mundo quase ter acabado percorri a minha vida sob vales e montanhas carregando sempre no meu peito a fé depositada em mim por Deus, sei que é estranho, mas na verdade, desta vez e inicialmente não fui eu que tive fé no nosso todo e poderoso, mas sim o invés. Atravessei rasgados obstáculos imundos de podridão, teimei ter a força que nunca antes da guerra nuclear encontrara. A luz do meu caminho era a única bíblia existente à face da Terra e o meu desejo de conquistar o que pelo meu Deus foi pedido. Ainda me consigo lembrar de cada palavra por ele citada enquanto atenciosamente escutava de olhos fechados aquela voz doce e calma que me fez acreditar em mim próprio.
Creio que muitos poderão pensar que simplesmente sou maluco, ou que o estado caótico em tudo o que a guerra deixou me fez alucinar.
Não é verdade, e eu, acredito em Deus!
Lutarei contra tudo e todos sempre caminhando para oeste como me fora podido
E só quando o meu coração der sinal de que estou no sítio exacto para deixar a palavra do Senhor pararei e invocarei novamente o seu nome para bem alto, onde ele merece estar perante todos nós.
Caminho pelas estradas desertas, onde reina a poeira e corpos mortos há já cerca de 30 anos.
O destino…
Incerto…
Irei para onde a grito me levar.
Se eu fui o escolhido é porque sou eu o único Homem que conseguirei entregar o que foi perdido, esquecido.
A fé em Deus, A Bíblia…
Todos os dias dos meus últimos trinta anos antes de me deitar no meio do nada,
Antes de me esconder dos males da escuridão nocturna, leio este sagrado livro…
Existem pessoas que misteriosamente e a todo o custo desejando o que a mim foi entregue
Pelo Santíssimo Espírito Santo.
Sei que terei de matar, mas Deus irá sempre perdoar-me porque foi por ele, pelo seu pedido, pela reconquista do verdadeiro ser humano e, acima de tudo, pelo bem Mundial.
Depois de tanto vaguear pelo “nada global” encontrei uma pequena cidade. Rapidamente apercebi-me que não era a cidade certa, voltei as costas a todos aqueles malfeitores que rapidamente me tentaram alvejar assim que se aperceberam que eu era o “Homem da palavra”. Desta vez, eram demasiados para que eu sozinho conseguisse derruba-los. Considero-me inteligente e por sê-lo consegui aniquilar uns poucos, os outros…
Esses sentiram-se demasiado inferiores a mim para me olharem nos olhos.
No meio de toda aquela cidade sebenta, nojenta, encontrei alguém que queria saber o que é a verdadeira fé.
Porém não a podia trazer comigo, seria demasiado perigoso porque afinal eu sou procurado pelo resto dos restos do Mundo.
Sem que eu me apercebesse ela perseguiu-me.
Hoje sei que sem ela não conseguiria atingir o meu objectivo, o meu sonho, a minha vida.
A minha força junta da dela, tornaram-se numa única pessoa só,
E, eu já meio morto, pelo tiro que tinha levado, pelo desgosto de ter perdido a Bíblia para as mãos erradas para mentes rancorosas não conseguiria sem a minha companheira, a única pessoa que acreditava no que estava a fazer.
Foi ela que me transportou até ao local que tanto ansiava.
Lá receberam-me de braços abertos e quando disse que tinha a Bíblia ficaram radiantes.
Na verdade o livro que todos queriam não estava comigo, estava em mim.
Deitei-me envolto de um lençol branco sabendo que iria morrer,
Pedi para que o homem que coordenava aquela aldeia se sentasse junto de mim com uma caneta e bastantes resmas de papel.
E dei-lhe a Bíblia…
Palavra a palavra, frase por frase sem me esquecer de um único ponto final.
Foram dias seguidos, quase já sem conseguir falar.
Mas consegui,
Terminei o que tinha começado e jurado acabar.
Ámen, «ponto final»
Agora vou descansado, morto, já eu estava há mais de trinta anos, é tempo de repousar até porque mereço.
O livro por mim perdido não me deixa preocupado, depois de todo este tempo já ninguém se lembra de o que é ler Braille e quem se poderá relembrar certamente que sabe o quão é importante o que mais ninguém lê se não os cegos.

Parto em Paz, pela paz que lutei para devolve-la à Terra.

Texto baseado no filme "BOOK OF ELI"
Em vão ou não

Corro descalço sobre as ruas fora, pelo mundo dentro,
Procurando insaciavelmente por ti,
Ser ainda desconhecido…
Por onde ir?
É apenas uma questão entrelaçada sob muitas outras!
São em demasia as ruas para eu percorrer,
Em demasia as pessoas que eu tenho de ver,
Procuro e procuro sem saber o que hei-de diligenciar em concreto,
A ânsia de quer ter,
Achar o que ainda até hoje não fui capaz, continua esbarrada contra o meu peito.
Espreito novamente mas mais uma vez está difícil de encontrar.
Enquanto isso as ruas são cada vez mais longas e os meus pés já não são pele e músculos,
Já não são quentes,
São carne viva e fria, são sangue!
Desistir é palavra proibida, mas o melhor é abrandar,
Pois como, tudo o tempo leva também o tempo tudo traz.
Às vezes o problema é pensar drasticamente com o coração e não utilizar a nossa fértil mente,
Poderosa mente adormecida.
Aproveito o meu estado caótico e deixo crescer um rebento de filosofia, minúscula psicologia,
Quem tudo quer tudo perde.
Por isso mesmo vou parar de correr,
Visto umas meias, calço uns ténis e procuro mansamente o que ambiciono,
PAZ ESPIRITUAL…
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