Velho pobre vagabundo

Varro o chão das minhas ruas,
Paralelas ao meu abrigo onde durmo simplesmente tapado por um bocado de cartão,
Deixo-as limpas em troca de um ou dois cigarros…
Sou velho de idade,
Velho de espírito.
Sinto-me a morrer cada vez mais,
As forças já não são o que eram há cerca de vinte anos atrás para combater todas aquelas noites gélidas do inverno, nem aqueles dias quase aterrorizadores de tanto calor,

A roupa…

Essa…

É a que trago vestida todos os dias dos meus últimos cinco anos de vida,
Foi precisamente há cinco anos que encontrei estas roupas no meio de uma lixeira.
Uns precisam, os outros, mandam-nas fora ainda com bastante utilidade.

A barba…

Já não é feita há dois anos,
Desde que morreu o barbeiro para quem eu varria o chão imundo de cabelos, pelos de barba e pó.
A minha imagem estára cada vez mais degradante,
Cada vez mais assustadora,
As unhas pretas de sujidade, ruídas de ansiedade.
Os dentes podres, amarelos secos, que já nem me lembro se alguma vez os lavei.

Eu…

Eu meto medo,
E as pessoas não são indiferentes a tal figura monstruosa.
Pergunto-me o porquê de ainda estar perante este mundo.
Logo encontro essa resposta,
Resposta demasiado óbvia…
Porque as ruas mantêm-se deveras sujas, para eu varrer…




Sou um pobre, velho vagabundo…
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    De onde nos estão a ver!