Dúvida (Post Externo)



Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa?

Pergunta Miguel Esteves Cardoso, e pergunto-me eu, constantemente, a mim mesma.
Como posso eu lidar com um sentimento que não vejo reflectido no outro ser, objecto dessa emoção? Estranho ter de pensar nisto. Geralmente gosta-se, quer-se e pronto. Mas, nem sempre é assim…

É possível amar sem se ser amado? Não… Impossível! O amor... Aquele verdadeiro, só existe quando estão presentes duas pessoas, cada uma a contribuir para esse sentimento que, não é de uma, nem da outra. Mas, é possível sim, apaixonarmo-nos por alguém, sem sermos correspondidos. Acções, palavras, momentos, que nos apanham o coração, nos preenchem os dias, desde que acordamos. E quantas são as vezes que essa paixão nos assalta os sonhos sem que nós possamos fazer algo para contrariar…

Sorrimos, voamos, bailamos pela casa fora, cantando a essa emoção tão boa, tão especial. Acreditamos fortemente sermos as pessoas mais felizes à face da terra. E ninguém, repito, ninguém, conseguiria alterar esse pensamento. Passa a existir uma só pessoa no nosso Universo, tudo e todos estão viradas para ela, e nós, vivemos, respiramos, a vida dela, o ar dela.

Mas… Se de repente, por qualquer razão (in)justa, o alimento que saciava esse sentimento se esvanece no ar, largando-nos no chão frio, à mercê desse abutre que anda sempre à espera de uma falha, a Tristeza. O mundo desaparece da nossa vida. O ar queima a entrar dentro de nós. O Universo caí sobre o nosso peito, sufocando-nos… As lágrimas brotam dos olhos, tamanha fonte inesgotável. Dor… é o que temos… Aliás… Dor e paixão… Dor pela paixão que sentimos. Paixão por algo que nos provoca dor… Estranho ou inevitável?

Deveríamos ou não lutar? Sim… sem dúvida alguma. Todo o ser humano busca a felicidade. Devemos nós, também, lutar por ela e, porque acreditamos que o outro ser é a nossa felicidade, deveremos correr atrás dele. Mas... é legítima essa luta? Depende da razão, dos sentimentos, da vontade. E aqui… já não somos só nós. Razão, sentimentos, vontade de ambos. Compreensão, perdão, união. Pontos-chave nesta luta, por vezes, desigual…

Desigual…

Constante obstáculo que cresce do outro lado e nos impede de vislumbrar um final feliz. Quando batemos incessantemente àquela porta que teima em não se abrir, em deixar-nos entrar de novo naquela casa, com a fome de lá habitar. Parte-nos o coração. E alimenta-se a tristeza. Tantas são as investidas falhadas mas, continuamos a tentar, tal moinho de vento que gira no vendaval sem descanso.

Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa?

Mantenho a resposta do autor. “Eu não sei”. Não posso saber. Sei que gosto, que quero, mesmo que a outra pessoa não corresponda ao mesmo sentimento. Por vezes acredito que seria mais fácil não podermos gostar de quem não nos quer… A vida nunca foi justa… E só temos aquele sentimento… que procuramos completar. Mesmo que provoque dor…
Andreia Batista
A equipa "ENCONTRO" agradece a sua colaboração para connosco e esperemos poder continuar a contar sempre com alguns dos seus textos.
3 Responses
  1. Desde já, meu muito obrigado pela atenção e fica a vontade de ser mais assídua e participativa neste grande cantinho. :D


  2. Unknown Says:

    sei o k é sentir isso...gostar de alguem k n ker verdadeiramente saber de nós...é algo k provoca mtas vezes dor a mais...se ao menos pudessemos controlar de kem gostamos e adoramos...seria td mt mais facil.


  3. Anónimo Says:

    Sem dúvida um post que dá "pano para mangas".
    Porque, na verdade, a lucidez de quem está apaixonado sem ser correspondido perde-se em gestos ou sinais que queremos acreditar serem mais do que simples gestos ou sinais.
    E quando o ser apaixonado, mas não correspondido se intromete na vida da sua paixão, se intromete na sua intimidade, do alto da sua boa vontade, acreditando poder manter uma amizade, acreditando que essa amizade poderá evoluir mais tarde para algo mais forte, podendo criar com isso conflitos...onde começa o assédio e a falsa amizade?
    Falsa, mas sem intencionalidade, é certo...
    Vejamos este trocadilho do português...se a felicidade dessa pessoa, está na felicidade do ser por quem estamos apaixonados...então essa felicidade só pode ser efectivamente realizada, com o afastamento da nossa pessoa...e com isso, com a criação de dor, angústia e o apagamento desse fogo que só nós estamos a alimentar, não acham?
    Porque mantendo-nos por perto, então estaremos a ser directamente responsáveis pelo não atingir da plena felicidade do ente que amamos, mas que por um azar da vida não nos ama de volta!
    Será o ser humano capaz de perceber que nesse momento, a nossa tristeza e a nossa dor são o caminho correcto para todos? Para o nosso amor...porque merece ser feliz nem tem culpa de viver harmoniosamente uma relação com outrém...
    Para nós, porque o caminho da nossa própria felicidade encontrar-se-á mais tarde, quando as amarras dessa paixão não correspondida forem largadas pela nossa alma e partirmos em busca de outra paixão...porque o que não faltam são seres humanos que se complementam, respeitam e amam mutuamente...não há uma só alma-mater...não há só uma pessoa perfeita para nós...isso é uma utopia que, quem dela fizer lei da vida e do amor, só terá infelicidade no dia a dia se não for correspondido!


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    De onde nos estão a ver!